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#MaturiLove: os desafios das relações amorosas após os 50 anos

Atualizado: 19 de jul. de 2021

Por Juliana Seidl | 15.10.2020 | Publicado no Blog da Maturi


Sim, os maturis tudo podem: aprender, se conectar, trabalhar, se apaixonar! Vamos falar de #Maturilove ?


Quando se divorciou do pai das suas duas filhas, Walkíria sentiu uma mistura de tristeza e alívio. Tristeza porque não queria que a família se desintegrasse. Foram quase 25 anos ao lado de Jorge e, quando casou, queria que fosse para sempre. Mas “Wal” sentiu alívio também porque não havia mais carinho, olhos nos olhos, intimidade. Companheirismo? Talvez!


Parecia que eles simplesmente tinham se acostumado a se respeitar, a dividir o mesmo espaço, mas isso não era mais suficiente. Então ela tomou coragem e sugeriu a Jorge que se separassem. A reação dele? Limitou-se a concordar.


Walkíria então viveu seus 50 até os 57 anos dedicada ao trabalho, às amigas, às filhas e ao cuidado do seu aconchegante apartamento, morando sozinha. E não foi difícil.


As filhas seguiram suas vidas, saíram de casa, construíram suas famílias. Wal as encontrava mais aos finais de semana porque tinha a agenda cheia. Ela aceitou uma posição de liderança na empresa onde trabalha – e sabia que chegar nesse nível representava um privilégio no Brasil.


Nos primeiros anos pós-divórcio, Wal conheceu alguns homens, sendo que “uns não queriam nada sério e outros eram carentes demais”, palavras dela.


“Percebi que me envolvia justamente com os que não queriam se comprometer – será que eu tenho dedo podre?”, se questionava.

Sem a menor paciência para o uso de sites ou aplicativos de relacionamentos, ela decidiu viver muito bem para si e por si.


Contarei como Wal está hoje ao final deste artigo, mas, antes disso, gostaria de compartilhar uma pergunta que me fazem com frequência quando ofereço cursos e palestras ao público 50+:

- Quem é mais feliz na maturidade: os que estão em uma relação amorosa ou os solteiros(as)/ divorciados(as)/ viúvos(as)?


Como não gosto de responder somente com base na minha experiência, decidi recorrer aos estudos. E pesquisas com base na Psicologia Positiva, como as desenvolvidas pelos renomados Martin Seligman e Daniel Gilbert, revelam que as pessoas casadas/comprometidas reportam mais felicidade com a vida de modo geral sim.


Mas atenção! Viver a dois só traz mais felicidade e bem estar, em comparação com quem está sozinho(a), se a pessoa estiver satisfeita com essa relação. Em outras palavras, entre estar solteiro(a) e em uma relação tóxica ou abusiva, é melhor viver sem um companheiro(a).


Quando perguntamos os ganhos da vida a dois àqueles que estão satisfeitos em seus relacionamentos amorosos, essas pessoas costumam reportar que a convivência do casal é marcada por respeito, companheirismo, admiração, atração e bom humor!


Partilhar um estilo de vida similar ajuda também pois, assim, o casal se motiva a compartilhar experiências e a planejar o futuro juntos. Ao mesmo tempo, respeitar os momentos de individualidade de cada um também foi citado como um fator fundamental.


Estudos científicos também têm apontado que a satisfação com a vida conjugal é menor quando se está no auge da carreira e/ou quando se têm filhos pequenos, justamente pela dificuldade de dedicar tempo de qualidade ao parceiro(a), de conciliar todas as atividades.


Ou seja, são os maturis que costumam reportar níveis maiores de felicidade quando estão comprometidos(as), seja em relações amorosas recentes ou de longa data.


A relação amorosa traz maiores benefícios à medida que envelhecemos devido ao poderoso papel que os cônjuges desempenham na promoção do bem estar do outro, ao oferecer companheirismo e apoio social em momentos difíceis, por exemplo.


Mas apesar do tema #maturilove gerar muito alvoroço, nós sabemos que não está fácil encontrar um(a) parceiro(a) que queira uma relação amorosa e íntima estável.


Como afirma o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, estamos vivendo em uma sociedade líquida, em que as relações de modo geral também são líquidas. O amor líquido é instável, escorre por entre os dedos feito água, não tem forma, não dura.


As pessoas querem, constantemente, trocar seus parceiros(as) por outros(as) supostamente melhores. Por isso, encontrar alguém para fazer essa água se transformar em algo consistente e permanente é um desafio para todos nós, de todas as idades.


Ao olhar para os encantos e desencantos específicos do relacionar-se após os 50, escuto bastante, do lado dos encantos, sobre os ganhos de não se criar mais tantas expectativas em relação à mudança de comportamento do outro(a):


“Nessa fase da vida, sei que meu companheiro(a) não vai mudar por mim. As pessoas só mudam se realmente quiserem” e destacam também a flexibilidade para uma convivência mais harmoniosa:
“A gente já morou junto, mas hoje cada um vive na sua casa”.

Já do lado dos desencantos, muitos(as) desabafam sobre a não aceitação dos filhos(as): “Eles passam a tentar controlar mais a nossa vida e a julgar nossas escolhas”, bem como os efeitos negativos da menopausa e da andropausa na relação sexual do casal.


Agora retomarei a história da Walkíria: no ano passado, quando ela estava com 58 anos, seus colegas da faculdade a convidaram para entrar no Facebook e se reconectar. Ao procurar os amigos “das antigas”, Wal adicionou e começou a conversar com um colega de sala, o Roberto, que também estava divorciado.


Após muitas trocas de mensagens, decidiram marcar um encontro e nesta semana eles completam um ano juntos. Wal está visivelmente apaixonada e desabafou conosco que jamais imaginaria que com quase 60 anos fosse sentir as mesmas emoções, calafrios e palpitações que sentiu quando esteve apaixonada aos 19 anos!


Ao conversar com a Wal, ela confessou que procurou Roberto com segundas intenções sim e acreditava que a relação fluiu pelo seguinte motivo:

“Eu já estava me sentindo feliz comigo mesma, com meu trabalho, estilo de vida e relações de amizade e familiares. Minha felicidade não depende de estar em uma relação amorosa ou não”.

A constatação da Walkíria reflete o resultado de outras pesquisas sobre o tema: as pessoas felizes são mais predispostas a se envolver emocionalmente e a manter um relacionamento duradouro e saudável. Por isso, a lógica de pensamento “Preciso estar em um relacionamento para ser feliz” não procede!


Gostou do tema e quer se aprofundar mais sobre este assunto? Então convido vocês a participarem do grupo temático: Encantos e desencantos das relações amorosas após os 50, que a psicóloga Vera Roesler e eu vamos oferecer a partir de 19 de outubro via Zoom, das 19h30 às 21h30.


O objetivo do grupo é oferecer um espaço para que homens e mulheres 50+ se conheçam e conversem sobre relacionamentos amorosos e íntimos nos dias de hoje, com respeito e espontaneidade.


No total serão 5 encontros, todas às segundas-feiras. Escolheremos canções, poesias, histórias reais e resultados de estudos para tornar o debate mais leve e rico. Para saber mais sobre o grupo e se inscrever, clique aqui.


A Aposentadoria Plena, empresa parceira da Maturi, oferecerá um grupo online sobre relações amorosas aos 50+ nos meses de outubro e novembro. #maturilove


Antes de finalizar, compartilho com vocês que perguntei a Walkíria o que é ser maturi hoje e ela respondeu: “#SouMaturi porque aceitei e acolhi meu passado, meus erros e acertos e, enquanto estiver viva, quero me abrir ao inesperado olhando para frente, com todo o meu coração.” Ah, meus olhos marejaram ao ouvi-la assim, de peito aberto.


Agradeço a Wal por ter me autorizado compartilhar sua história (desde que eu trocasse seu nome verdadeiro, como o fiz) e espero que vocês tenham gostado de ler mais sobre #MaturiLove


Comentem ao final deste artigo se você quer ler mais sobre assuntos envolvendo relações e relacionamentos amorosos, além, claro, de trabalho, empreendedorismo, tecnologia, preconceito etário.

A missão da Maturi sempre será trazer conteúdo de qualidade para que você se atualize e seja uma pessoa feliz: em todas as esferas da vida.



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